Governos priorizam gastos para combater enchentes?
Área alagada na região do Cebolão, na zona oeste de São Paulo A cidade de São Paulo gasta, em média, cerca de metade do que é planejado no Orçamento para combater enchentes como as que a castigaram no início deste ano. De 2009 a 2019, as despesas efetuadas com ações para reduzir as cheias atingiram em média 48% do projeto aprovado. Nesse período, ficaram no papel projetos de canalização de córregos, planos de elaboração de projetos de ampliação de redes de galerias de águas pluviais e obras de contenção de muros, conforme dados da prestação de contas do Orçamento paulistano. Todos esses dados estão disponíveis para consulta no site da prefeitura e revelam o que as gestões têm priorizado nos últimos anos. “Às vezes, a sociedade civil pressiona na Câmara para que a prefeitura se comprometa com um investimento, mas não acompanha as escolhas orçamentárias feitas a partir daí”, afirma Mariana Almeida, professora do curso de planejamento e acompanhamento de orçamento público no Insper. Mesmo aprovada, a previsão orçamentária deve ser considerada somente como um ponto de partida. “Muitas escolhas serão feitas no dia a dia e determinam se um investimento vai mesmo sair ou não. E, quando o caminho parece indicar que a escolha foi por não fazê-lo, isso pode ser observado por meio do acompanhamento dos dados públicos", acrescenta a professora. Essa informações constam do Orçamento municipal, que reúne as estimativas de receitas, a exemplo da arrecadação com impostos, e de despesas, como o pagamento de salários de servidores e da execução de obras. O projeto é definido todo ano pelo Executivo em conversas com a Câmara e sua execução é atualizada no site da prefeitura. Execução significa pôr em prática o que foi discutido e, consequentemente, gastar o dinheiro. Porém, antes de decidir se vai desembolsá-lo ou não, a prefeitura avalia os recursos que terá. Além disso, parte do Orçamento já nasce com fatias comprometidas com despesas obrigatórias, como os gastos mínimos com saúde e educação e o pagamento de salários para funcionários que prestam o serviço no dia a dia, de aposentadorias e de precatórios “O Executivo acompanha esse cenário para determinar quanto deve liberar das despesas não-obrigatórias. E boa parte dos investimentos acaba ficando no final dessa fila", diz Mariana. No caso das medidas de combate a enchentes na cidade de São Paulo, por exemplo, raros são os anos da última década em que a execução de investimento se aproximou do valor total orçado. Ponto de alagamento na avenida Marquês de São Vicente, na zona oeste paulistana “Como o modelo orçamentário brasileiro é autorizativo, e não impositivo, é legítimo que a taxa fique abaixo…
Eleger prefeita eleva participação das mulheres na administração pública
Como os cargos públicos são ocupados quando um município elege uma mulher para chefiar o Executivo? Ela se cerca de homens para assessorá-la, como uma abelha rainha rodeada de zangões? Ou, pelo contrário, nomeia mais mulheres para altos postos administrativos? Essas foram as perguntas de “The queen bee: A myth? The effect of top-level female leadership on subordinate females”, estudo de Paulo Roberto Arvate (EAESP-FGV), Gisele Walczak Galilea (Insper) e Isabela Todescat (EAESP-FGV). Avaliaram 8,3 milhões de organizações municipais brasileiras, públicas e privadas, de 2000 a 2008. Concluíram que a história da abelha rainha –hipótese que ficou famosa após o padrão de nomeações masculinas de Margaret Thatcher, premiê britânica de 1979 a 1990— não é a regra nos municípios do Brasil. Abelha rainha é a mulher que observa a valorização de traços estereotipados como masculinos para postos de liderança e se cerca de homens para projetar-se na carreira. É a atitude deliberada da chefe de se distanciar das demais mulheres, cujas chances de assumirem cargos de alta hierarquia ficam por isso diminuídas. Efeito direto desse comportamento é a reduzida quantidade de mulheres em cargos de comando. Mas nem toda escassez de chefias femininas deriva desse fenômeno. Às vezes, as chefes podem estar rodeadas de homens simplesmente porque há poucas mulheres com habilidades necessárias para exercer as funções. É preciso, portanto, tentar isolar o vetor da abelha rainha de outros que também possam interferir no resultado. Para isso, os autores comparam municípios onde a disputa eleitoral entre um homem e uma mulher pela prefeitura foi acirrada. Nesses casos, a pequena diferença de votos entre vencedor e derrotado sugere que a população não demonstrou nenhuma preferência explícita entre ter um homem ou uma mulher na prefeitura. O fato de um dos dois ter vencido equivale a um lance de sorte. Na comparação com municípios chefiados por homens, a gestão das prefeitas eleva a participação feminina nos cargos de destaque da máquina pública. Esse efeito persiste nas nomeações para escalões inferiores, sugerindo a ação indireta do exemplo que vem de cima. Esse efeito exemplar do setor público, contudo, não parece influenciar o setor privado. As empresas não aumentam a participação feminina em posições de maior status nos municípios em que uma prefeita foi eleita. Ainda que o efeito seja restrito aos cargos em que a prefeita detém poder de nomeação, os resultados indicam que o comportamento de abelha rainha é inexpressivo. Pelo contrário, mulheres em altos cargos públicos criam um ambiente favorável ao desenvolvimento de outras mulheres. Acesse o estudo: The queen bee: A myth? The effect of top-level female leadership on subordinate females
Como chegar à porta do consumidor com eficiência nas favelas
Entregar produtos na porta do consumidor em favelas pode custar de 20% a 50% mais que em outras regiões da cidade. Os desembolsos associados aos últimos quilômetros da entrega (“last-mile delivery”, no jargão) representam até 40% do custo total das empresas de distribuição. Por isso, o correto gerenciamento de risco e a adoção de práticas adaptadas às características das comunidades determinam o nível de eficiência dessa atividade empresarial. Nas favelas, onde cerca de 6% da população brasileira habita, ruas e becos sem nome, casas sem número, locais sem iluminação e maior chance de roubos são alguns dos obstáculos para a entrega aos consumidores. Além de aumentarem o custo do frete, frequentemente também impedem a realização da entrega pela impossibilidade seja de acesso dos veículos, seja de localização do destinatário. Para entender como as empresas contornam esses obstáculos, um grupo de pesquisadores conduziu uma pesquisa qualitativa com 26 empresas de distribuição que atuam nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. Em artigo recente, André Duarte e Lars Sanches, ambos do Insper, Cristiano Silva, ex-aluno do Mestrado Profissional em Administração no Insper e doutorando em Sistemas de Transportes no Programa MIT Portugal, e Flavio Macau, da universidade australiana Edith Cowan, encontraram cinco dimensões cruciais para a efetividade da entrega na porta dos consumidores nas favelas. São elas: empregar pessoas da localidade, relacionar-se bem com a comunidade, conhecer criminosos que porventura atuem na região, fazer o transporte com discrição e usar pontos de entrega flexíveis. Contratar localmente significa empregar entregadores que conheçam as ruas, a geografia e os moradores e sejam capazes de evitar situações como roubos. Sendo precário o mapeamento de risco em favelas, ter funcionários com bom trânsito local supera as melhores tecnologias de monitoramento. A segunda dimensão envolve o estabelecimento de uma relação de confiança com os líderes das comunidades mediante engajamento da empresa em ações sociais e realização de doações. Lidar com grupos de criminosos que eventualmente atuem na região é uma tarefa importante para a redução de roubos. Contribuem para essa finalidade o emprego de funcionários da localidade e o engajamento com a comunidade. Empresas também evitam determinadas regiões e horários e, embora muitas não admitam falar abertamente desse tema, pagam taxas a agentes do crime na região. Utilizar veículos menores, abastecidos com meia carga, despojados do logotipo da empresa é um modo de não chamar a atenção para o valor transportado, o que reduz o risco de roubos e furtos. Por fim, por meio da adoção de pontos de entrega intermediários, onde os clientes podem retirar as mercadorias, as empresas deixam de circular em áreas de difícil acesso e com alto risco. Além disso, eliminam…
Como nações ineficientes podem estimular parcerias entre governo e empresas
A criação de agências especializadas nas chamadas PPPs compensa deficiências institucionais e estimula o adensamento das iniciativas em países como o Brasil, conclui estudo O envolvimento de investidores privados na provisão de bens e serviços para a população se tornou tema de grande interesse na esteira de restrições orçamentárias enfrentadas por governos em diversas partes do mundo. Uma das formas mais debatidas de atuação das empresas nesse contexto são as chamadas Parcerias Público-Privadas (PPPs). Nesse tipo de aliança, o setor público dita as regras do jogo ao mesmo tempo em que desempenha a função de sócio da iniciativa privada. Apesar desse papel duplo dos governos, o grau de participação dos investidores privados nas PPPs é crucial. Sua atuação mais ampla pode garantir acesso a métodos de produção e tecnologias avançados, culminando na prestação de serviços de maior qualidade a um custo menor. Pouco se sabe, no entanto, sobre as características tanto do setor público quanto do privado que influenciam a decisão de investidores de aumentar o escopo de seu envolvimento nas PPPs, participando de diversos estágios dessas iniciativas, como a elaboração e a construção de projetos, seu financiamento e sua operação. Os pesquisadores Bertrand Quelin, Ilze Kivleniece, Sandro Cabral e Sergio Lazzarini – os dois últimos do Insper – ajudam a preencher essa lacuna em uma pesquisa recente, que será publicada na Organization Science, prestigioso periódico em administração e teoria da organização. O trabalho confirma que a estabilidade e a transparência do ambiente institucional de um país ajudam a atrair empresas para atividades em colaboração com o setor público, como apontado por estudos anteriores. Mas os autores vão além ao mostrar em que medida a qualidade das instituições de um país interage com capacidades que os governos e os próprios investidores possuem para participar de arranjos desse tipo. Eles revelam, por exemplo, que um ambiente institucional sólido contribui para que empresas respondam ao acúmulo de experiência de governos com PPPs de forma positiva, ampliando a abrangência de sua atuação nessas alianças. Isso não significa, porém, que países caracterizados por regras menos estáveis, burocracia pouco eficiente e falta de transparência – como o Brasil – estejam fadados ao fracasso em tentativas de atrair maior participação de atores privados em parcerias com o setor público. A pesquisa mostra que, em nações com esses problemas, a criação de agências especializadas na realização de PPPs aumenta as chances de envolvimento privado mais amplo, atenuando o efeito negativo do ambiente institucional frágil. O contexto de limites aos gastos públicos em dezenas de países reforça a importância de estudos nessa direção. Entre 2006 – um ano antes da eclosão da crise financeira global – e 2017,…
Mulheres são minoria em posições de liderança, apenas 15% são presidentes
Pesquisa realizada pelo Insper em parceria com a Talenses destaca a importância do debate sobre diversidade de gênero no mercado de trabalho Em apenas 15% das empresas a presidência é ocupada por mulheres e quanto maior o tamanho da companhia, menor é a probabilidade de ter uma mulher no comando. Esses foram alguns dos resultados da segunda edição da Pesquisa Panorama Mulher 2018 realizada pelo Insper em parceria com a Talenses, com empresas localizadas na América do Norte, Brasil e Europa. Entre as regiões pesquisadas, o Brasil apresentou o melhor resultado para o cargo de presidente, com mulheres em 18% das empresas. Na Europa, 13% das mulheres ocupam o posto e na América do Norte, apenas 10%. Em empresas de administração familiar, as profissionais também possuem maior participação nessas posições, ocupando 28% dos cargos. “Os dados evidenciam o problema da desigualdade de oportunidades no mercado de trabalho por conta do gênero. Esse diagnóstico é importante para que possamos avançar no debate e avaliar medidas para mudar esse cenário”, avalia Regina Madalozzo, coordenadora do Mestrado Profissional em Economia do Insper, pesquisadora na área de Economia da Família e Gênero e co-coordenadora do Panorama Mulher 2018. Apesar da atenção sobre o tema ter aumentado, as mulheres ainda enfrentam muitos obstáculos para crescerem dentro de suas carreiras e chegarem aos cargos de liderança. Entre as empresas participantes da pesquisa, apenas 19% possuem mulheres na vice-presidência. Quando analisadas as posições de diretoria, onde as mulheres representam 25%, a Indústria e as empresas de capital fechado são os setores onde as profissionais têm mais dificuldade em alcançar essas posições. Em empresas com maior número de funcionários, com administração profissional e localizadas na América do Norte, as mulheres têm mais espaço nesses quadros. A pesquisa trouxe ainda uma novidade ao fazer um recorte por etnia dos resultados, que refletem uma realidade preocupante. Apenas 6% dos cargos de presidência são ocupados por negros e, quando se analisa a fatia de mulheres negras nessa mesma posição, há pouquíssima representatividade. Das 286 empresas que possuem VP, apenas seis são do sexo feminino e negras. “A pesquisa sugere com clareza uma maior dificuldade para pessoas negras avançarem aos cargos de liderança e essa dificuldade é ainda maior para as mulheres negras do que para os homens negros”, analisa Regina. Políticas de Diversidade Apenas 32% das empresas entrevistadas possuem políticas de equidade de gênero e os dados mostram que os resultados dessas ações ainda são sutis, em relação às companhias que não as têm ou ainda não impacta nos cargos mais altos. Para os cargos de presidência, por exemplo, em empresas com políticas de diversidade há 1% a menos de mulheres…
Estudo analisa a dificuldade das empresas em oferecer produtos e serviços nas comunidades brasileiras
O estudo Estimando Custos na Base da Pirâmide: Dados Sobre Entrega de Produtos em Favelas Brasileiras, realizada pelo aluno Francisco Toledo Muzetti, analisou como o preço, o tempo e a disponibilidade de oferta do serviço de transporte de determinados produtos aumenta dentro de favelas em comparação com as áreas vizinhas. O estudo fez parte do programa de Iniciação Científica da bolsa PIBIC Insper 2018. “Há um grande mercado consumidor em potencial vivendo nos centros urbanos em áreas de pobreza, especialmente em países emergentes. As empresas estão desenvolvendo estratégias para incorporar esse mercado da Base da Pirâmide, mas é preciso compreender melhor como essas companhias superam os diversos desafios de vender produtos a essa classe”, defende Muzetti. Atualmente, mais da metade da população mundial já vive em áreas urbanas e, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), esse número deve aumentar para mais de 65% até 2030, saltando para mais de 70% até 2050. Acompanhando esse processo, a população moradora de favelas também deve crescer no Brasil e enxergá-la como um mercado consumidor é estratégico para a economia do país. De acordo com o Data Favela, cerca de 12 milhões de pessoas vivem em favelas segundo levantamento de 2013. O estudo evidencia que olhar para esse consumidor se tornará cada vez mais importante. Identifica-se o crescimento da renda desses moradores, cuja média salarial aumentou 12% a mais em relação a do restante do país somente entre 2003 e 2013. A renda anual das favelas brasileiras é de mais de R$ 63 bilhões de acordo com dados do IBGE de 2010, o que pode ser comparado ao consumo anual de um país inteiro como o Paraguai e a Bolívia, por exemplo. Esses dados já evidenciam um impacto significativo para a movimentação da economia do país, posicionando essas regiões como importantes áreas de consumo em potencial. Mas eles não vêm isolados, o aumento da população em ambientes urbanos vem acompanhado do crescimento da população moradora em favelas no Brasil. “O aumento das cidades pressiona o mercado imobiliário local, aumentando o preço das moradias. Além disso, o próprio aumento de renda leva a uma maior procura de casas, aumentando novamente seus preços”, explica Muzetti. Mas para chegar a este mercado, as empresas precisam superar desafios, em especial a falta de segurança. Atualmente, 80% das compras feitas pelos moradores acontecem dentro das próprias comunidades. A falta de segurança agrava-se proporcionalmente aos preços dos produtos. De acordo com a comparação de dados de diferentes serviços de entrega analisados pelo estudo, o custo de frete e o prazo de entrega para endereços dentro das favelas costumam ser mais altos para produtos menores e mais caros, como eletrônicos,…
Gestão de pessoas: desafios e tendências
Se em outros tempos a maior responsabilidade da área de Gestão de Pessoas era treinar e desenvolver os colaboradores, hoje os desafios são muito mais complexos. A digitalização e a correta comunicação entre os colaboradores são alguns dos desafios que precisam ser superados até mesmo para garantir a longevidade dos negócios. Um dos maiores ativos das empresas são as pessoas. No entanto, a adesão de novas tecnologias está tomando um espaço cada vez maior na força de trabalho e isso traz grandes desafios, levando os profissionais a se adaptarem a novas formas de fazer antigas tarefas. Se por um lado a tecnologia traz vantagens à medida que diminui o tempo de entrega e moderniza os processos, por outro torna-se um elemento desafiador para as pessoas que trabalharam na era pré-modernização. Para isso, é necessário maior investimento na capacitação dos profissionais. Será preciso, daqui para frente, incorporar a antiga geração, não-tecnológica, em um mundo mais tecnológico. Portanto, a tendência é que se invista mais na adaptabilidade dessa geração. “É vantajoso usar a tecnologia para diminuir o tempo de entrega e modernizar os sistemas, por exemplo, mas também é desafiador, principalmente para os profissionais que trabalham antes dessa modernização acontecer. A adaptabilidade é um desafio e por isso mesmo algo que deve ser priorizado”, destaca Leni Hidalgo, professora adjunta nos programas de graduação e educação executiva do Insper. Para a professora é preciso envolver toda a organização, exigindo uma mobilização da área de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas, que precisa atuar em estreita parceria com as áreas de negócios, para garantir a sustentabilidade da organização. Comunicar-se é fundamental Nesse contexto, a comunicação torna-se um pilar fundamental para a gestão de pessoas. “Tenho percebido que a comunicação é o grande tema da humanidade. Pode ser o maior facilitador ou o maior agravante nas relações e nos negócios. Como aprendemos a nos comunicar de uma forma que nos conecte genuinamente com as pessoas? Sem conexão não há gestão de pessoas, não há liderança”, analisa Gleice Marote, professora de Teamwork Coaching nos cursos de pós-graduação do Insper. Para Gleice, uma pessoa que não se comunica de forma clara e verdadeira pode até se tornar chefe, mas nunca será um líder. “As pessoas precisam se sentir ouvidas e acolhidas em suas necessidades, e isso varia de pessoa para pessoa. É fantástico se um gestor percebe isso e se desenvolve a partir dessa percepção nessa habilidade de comunicação”, explica. Aceite as diferenças Por isso, é importante fazer um diagnóstico de como a área está atuando e se está sedo feito efetivamente uma gestão dos profissionais. Para as especialistas é necessário primeiro olhar para dentro e reconhecer os…
Análise de dados pode auxiliar no combate à corrupção
Brasil aparece em 96° no ranking de corrupção da Transparência Internacional e 11% dos brasileiros afirmam que já repassaram propina O Banco Mundial estima que anualmente seja pago US$ 1,5 trilhão em propinas no mundo e que boa parcela desse dinheiro sai de empresas. Por este motivo, acabar com a corrupção não é só uma obrigação ética, mas também econômica. A análise de dados pode ser uma importante aliada no combate a essa prática tão nociva para a sociedade ao ajudar no monitoramento e na medição de efetividade de sistemas anticorrupção. A avaliação é da advogada do Compliance Counsel Expert do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, Hui Chen. Guilherme Donegá, consultor da Transparência Internacional e autor do estudo Transparência em Relatórios Corporativos: as 100 Maiores Empresas e os 10 Maiores Bancos Brasileiros (TRAC), reforça este entendimento, com estudos realizados com as maiores empresas do Brasil. “Hoje quando se fala em corrupção, existe uma tendência a polarizar politicamente o assunto e isso faz com que ânimos se acirrem e você deixa de ter um debate qualificado para chegar a um consenso sobre o que fazer para acabar com a corrupção”, analisou Donegá em palestra no Insper. “Todos os países do mundo têm corrupção. A questão é o que eles estão fazendo para acabar, ou pelo menos diminuir, essa corrupção.” Pequena corrupção e grande corrupção A Transparência Internacional, ONG que atua no apoio e articulação de grupos locais de combate a práticas ilícitas, divide a corrupção no Brasil em pequena corrupção, quando no nível do cidadão comum, e grande corrupção, que se caracteriza pelo abuso do alto nível de poder, beneficiando poucos a custas de muitos e causando danos graves à sociedade. Essa separação é fruto de dois estudos da ONG. O primeiro é o Índice de Percepção da Corrupção (IPC) - 2017, que mede a percepção dos cidadãos em relação à corrupção. A escala vai de zero (mais corrupto) a 100 (menos corrupto). Em 2017, o Brasil registrou 37 pontos e apareceu em 96° lugar, caindo 17 posições em relação ao ano anterior, quando alcançou 40 pontos. A média da América Latina é de 44 pontos. Apenas Libéria e Bahrein mostraram recuo maior que o país. É importante lembrar que o índice não mede a corrupção em si, mas sim a percepção da corrupção. No entanto, neste caso, a percepção é um ótimo indicativo da realidade. Outro estudo é o Barômetro Global da Corrupção, que mede a corrupção das pessoas físicas. No Brasil, 11% dos entrevistados disseram ter repassado propina para acessar serviços básicos de saúde, educação, saneamento, polícia, justiça ou emissão de documentos. É a segunda menor taxa entre…
Maternidade dificulta ascensão profissional e boa remuneração
A pesquisa Mulheres 2017, realizada pelo Insper em parceria com a Talenses no ano passado, trouxe números desanimadores sobre o mercado de trabalho. No Brasil, apenas 21% das mulheres estão em cargos de diretoria e somente 8% em cargos de presidência. Mas neste mês das mães, novos números de mercado apontam que, para as mulheres que se tornam mães, a situação é ainda mais difícil: mais de um quarto das mulheres deixam o emprego após tornarem-se mães, contra apenas 5% dos homens, e 21% delas levam mais de três anos para retornarem ao trabalho. A maternidade desacelera a trajetória de crescimento profissional e de remuneração das mulheres, enquanto a paternidade vem geralmente acompanhada por um prêmio salarial. A constatação é de Regina Madalozzo, coordenadora do Mestrado Profissional em Economia do Insper e pesquisadora na área de Economia da Família e Gênero. O fato atinge mulheres de todos os níveis salariais e hierárquicos. Segundo a pesquisadora, isso ocorre porque, socialmente, vinculamos o sucesso profissional como um caráter masculino e a maternidade coloca a mulher no lado oposto desse cenário. “As organizações ainda não estão preparadas para aceitar a ascensão da carreira das mulheres com naturalidade. Quando se pensa em líderes é comum vislumbrarmos os atributos masculinos. Isso porque possuímos vieses inconscientes, que nos permitem ter “pré-conceitos” e enxergarmos as pessoas como queremos enxergá-las, e não como elas realmente são”, destaca Regina. “Não basta ser dedicada e competente para uma mulher ocupar um cargo de liderança; ela precisa ser reconhecida pelos demais colegas e colaboradores como tal. Vieses inconscientes atrapalham muito as mulheres no mercado”, acrescenta a coordenadora. Maternidade em cargo de liderança nas empresas é apenas uma das dificuldades que as mulheres enfrentam. A falta de flexibilidade de local e horário é outro empecilho, além das jornadas duplas, tendo que conciliar carreira com vida familiar. Dados de 2017 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD, do IBGE), indicam que as mulheres realizam mais trabalhos domésticos que os homens, independentemente da faixa etária. Mulheres que ganham até R$ 1 mil por mês chegam a dedicar até dez horas a mais por semana a trabalhos domésticos do que seus pares. “Para acolher essas mulheres mães, os ambientes de trabalho precisam oferecer mais flexibilidade para elas, de tempo e local para exercer suas funções, e isso não significa trabalhar menos, mas sim dar condições para que ela possa conciliar as duas funções. E por que não dar os mesmos direitos de flexibilidade aos pais, uma vez eles também devem participar ativamente da criação dos filhos?, proporcionando assim, um ambiente mais favorável às profissionais”, questiona Madalozzo. Alternativas Para a coordenadora, a adoção da licença-paternidade…
Empreender é o quarto maior sonho dos brasileiros
A mentalidade dos brasileiros em relação ao trabalho tem mudado nos últimos anos. Se no passado o desejo era fazer carreira dentro de uma empresa ou conseguir um cargo público, hoje é o empreendedorismo que ganha destaque. Possuir um negócio próprio é o quarto maior desejo do brasileiro. A vontade de empreender é maior do que viajar para o exterior, ter um diploma de ensino superior e trabalhar no setor privado; e só fica atrás de viajar pelo Brasil, ter casa própria ou comprar um carro. Os dados são da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) de 2016 em parceria com o Sebrae. O empreendedorismo tem crescido sobretudo entre os jovens, que estão priorizando a satisfação de fazer algo que gostam acima de uma carreira tradicional. A pesquisa revelou que a faixa etária mais representativa na intenção de ter o próprio negócio (31,4%) é dos 25 aos 34 anos. “Me formei no Insper e trabalhei no mercado financeiro por sete anos, mas aquilo não estava me fazendo feliz. Foi quando resolvi mudar e empreender”, conta Bárbara Diniz, fundadora da Dress & Go, plataforma de e-commerce de aluguel de vestidos de festas assinados por estilistas de renome. Confira algumas dicas valiosas de empreendedores que já estão no mercado há algum tempo e que podem ser o diferencial para ter sucesso na administração de um negócio próprio: Fomentar o debate Todos devem ter a liberdade de se expressar, independentemente do cargo que ocupam. Fomentar o debate é um dos caminhos apontados para o crescimento de uma empresa. Uma ideia de valor pode nascer em uma conversa informal e pode vir de qualquer um. No entanto, para isso, é necessário abrir um espaço de fala de forma inteligente. “Todo mundo pode discordar, é da discordância que surgem os melhores debates. Mas não é a discordância pela discordância, é ter argumento e saber onde quer chegar. Trazer o problema junto com a solução”, avalia Carlos Fonseca, que depois de 12 anos como sócio do BTG Pactual, está abrindo sua própria fintech, o C6Bank. Diminuir tempo de reação Ouvir os clientes é recurso-chave quando se empreende e a resposta a um problema deve ser ágil. Nos dias atuais, um consumidor insatisfeito pode causar a perda de outros clientes através de comentários negativos na internet e a equipe deve estar sempre atenta e reagir o mais rápido possível. “No fim do dia, a cadeia toda é importante. Temos que ouvir os parceiros, os fornecedores e, sobretudo, os clientes. Devemos estar o tempo inteiro atentos para atender uma demanda. Ouvir as reclamações e tentar mudar. O segredo é o tempo de reação, e você só terá um tempo…
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