O exercício da “cidadania organizacional”, que conceito que expressa atitudes proativas dos trabalhadores que excedem seu escopo de trabalho para beneficiar companhia ou outros funcionários, pode contribuir para que seus praticantes sejam recomendados pelos colegas para novas oportunidades. Esse é um dos achados da pesquisa What Goes Around, Comes Around, de Gazi Islam, professor do Insper e da Grenoble Ecole de Management, na França, e Sean White, alumnus do Mestrado Profissional em Administração.
Ao contrário das atitudes positivas direcionadas a uma equipe, comportamentos de cidadania direcionados a apenas um indivíduo em especial, como um colega de departamento, podem resultar na não recomendação. “As pessoas parecem, realmente, refenderar aquele colega que olha para a coletividade. Então, uma dica seria prestar atenção ao grupo, dosando e perseguindo contatos e proximidades. Relações estabelecidas fora do ambiente de trabalho, como encontros frequentes em associações, clubes, igrejas ou fraternidades, por exemplo, também conduzem à recomendação”, afirmou White.
Para Islam, o estudo reforça a centralidade do network no âmbito organizacional. “Não é só o currículo que soma pontos. A rede pode trazer vantagens para qualquer profissional. Estrategicamente, é possível imaginar que possa ser interessante ter atitudes voltadas ao grupo para a conquista de melhores chances no mercado. Já quem faz isto naturalmente, poderá sair-se melhor ainda”, disse. Para ele, a capacidade de ir além do escopo pelo grupo, além da qualificação técnica, também pode ser entendida como capital humano.
Os resultados do estudo, feito com 100 profissionais, mostram que mesmo aqueles com alta capacidade técnica, mas com posturas favoráveis a um único indivíduo, podem ser prejudicados em relação às recomendações. “A capacidade técnica importa, mas o indivíduo que tem competência e vai além de sua função pelo bem do grupo cresce muito mais do que aqueles igualmente capacitados que se voltam para alguma pessoa em especial ou agem apenas dentro seu escopo, sem ir além”, afirmou White.
A pesquisa também constatou que os chamados meeting points, contatos estabelecidos fora do ambiente de trabalho, como encontros em associações comunitárias, clubes, etc., podem levar a recomendação por si só, o que serviria de alerta para recrutadores, gestores de recursos humanos e head hunters. A orientação dos autores seria investigar a origem do contato para apurar se a recomendação é, de fato, baseada em critérios de desempenho profissional ou motivada por laços estabelecidos socialmente e fora das organizações.
Na imprensa
A revista Você SA também publicou matéria sobre esta pesquisa. Leia no site da revista.