Autor:
Regina Madalozzo
Levantamento elaborado pela Professora Regina Madalozzo do Insper mostra que as mulheres têm ascensão mais restrita ao cargo de CEO quando a empresa em que trabalham tem um Conselho de Administração. Segundo a pesquisa, a existência de um conselho reduz em 12,5% a chance de uma mulher ocupar o cargo. Os resultados mostram também que empresas com maior receita tendem a diminuir em 1,4% a probabilidade de terem como CEO uma mulher.
Estudos mostram que a escolha do CEO por parte do conselho de administração não reflete apenas a experiência e a capacidade do individuo, mas também sua similaridade com o perfil que o escolheu. Desta forma, a existência de conselhos majoritariamente masculinos diminui a chance de escolha de uma CEO do sexo feminino. “A baixa identificação com uma candidata CEO, devido às diferenças naturais do gênero, pode influenciar negativamente a escolha dessa profissional para o cargo”, ressalta a pesquisadora.
De acordo com Regina, essa seria uma evidência da existência da teoria do “teto de vidro” nas empresas brasileiras. Pela teoria, há um limite de oportunidades para as mulheres que faz com elas progridam até certo nível dentro de uma corporação ou organização. “Uma das alegações no passado para este resultado era a pouca experiência das mulheres no mercado de trabalho. Mas hoje, após meio século de participação feminina no mercado, a existência deste efeito não se justifica”, afirma.
Apesar dos avanços na participação feminina no mercado de trabalho – de acordo com dados do IBGE passou de 30% na década de 70 e ultrapassou os 50% em 2007 – a participação de mulheres em cargos elevados ainda é baixa. Um levantamento do Grupo Catho, realizado em 2007, mostra que somente 8% dos presidentes de empresas eram do sexo feminino.
Regina destaca ainda que no Brasil há poucos estudos acadêmicos preocupados em analisar a possibilidade de existirem dificuldades de promoção para mulheres. Já as pesquisas internacionais não chegaram a um consenso sobre a existência de uma barreira invisível para a promoção de mulheres.
O levantamento usou dados de 370 empresas brasileiras pesquisadas pelo Instituto Sensus em 2007. As empresas envolvidas têm um faturamento médio de aproximadamente R$ 190 milhões por ano e, em média, atuam no mercado por 32 anos. 64% das companhias têm conselho de administração e mais da metade está situada no Sudeste (53,51%). Com relação ao setor de atuação, elas estão concentradas no setor de serviços (49,5%) seguido pela indústria (21,9%), comércio (17,3%) e agronegócios (11,4%).
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