Lojas fechadas em galeria em Milão, na Itália, devido ao novo coronavírus
CONHECIMENTO| CONTEÚDO SOBRE A PANDEMIA DE COVID-19 |ACESSE A PÁGINA ESPECIAL
A crise provocada pela pandemia da Covid-19 repercute diretamente nas cadeias de produção e consumo em todo o planeta. Com as restrições de circulação que vieram sendo adotadas primeiro na Ásia, depois na Europa e mais recentemente nas Américas, menos trabalhadores saem para produzir bens e oferecer serviços e menos consumidores os demandam.
O resultado é um resfriamento abrupto da atividade econômica, de duração e magnitude ainda desconhecidas, que também ocorre em escala planetária.
Na China, onde incidiu a primeira onda de impacto econômico, a agência oficial de estatísticas informou que os volumes da produção industrial, do comércio e dos serviços apresentaram quedas de 13,5%, 20,5% e 13%, respectivamente, no primeiro bimestre de 2020, na comparação com o mesmo período de 2019. Os investimentos recuaram 24,5%.
Para os Estados Unidos, a Conference Board estima que os maiores impactos ocorrem nas cadeias relacionadas a turismo e lazer e que, para cada 10% de queda nos gastos nessas categorias mais afetadas, o consumo como um todo no país recua 1,7%.

Times Square, em Nova York, esvaziada durante a pandemia
Enquanto a ociosidade se alastra pelos setores econômicos e diminui a arrecadação de impostos, os governos encaram demandas crescentes de recursos para lidar com os efeitos imediatos da pandemia na saúde coletiva. Nessa espécie de economia de guerra, buscam redirecionar esforços produtivos para a ampliação rápida da capacidade hospitalar, da testagem diagnóstica e da investigação científica de terapias e vacinas.
Com a queda brusca na força de trabalho e na procura de seus produtos e serviços, empresas são pressionadas a demitir. Arriscam-se ao estrangulamento financeiro e à falência a depender da duração do processo. A academia debate a eficácia da política econômica para suavizar os vetores recessivos. Como o choque parece passageiro –as infecções devem atingir um pico nos próximos meses e depois declinar–, há argumento para que governos aumentem suas despesas temporariamente, a fim de contra-arrestar a recolha do setor privado.
Mas, à diferença de crises globais como a de 2008-9, o gargalo desta vez não é financeiro. O problema central, que é o de pessoas estarem confinadas em suas casas consumindo e produzindo menos, escapa à ação direta de iniciativas usuais dos governos, como as de reduzir os juros, imprimir dinheiro ou elevar os investimentos estatais em infraestrutura.

Pandemia levou ao fechamento de lojas em Londres
Na prática, diversas nações vão criando programas para combater os efeitos secundários da crise com foco em oferta de crédito emergencial para pessoas físicas e jurídicas, na linha do que tem proposto o FMI e do que anunciou o Federal Reserve, o banco central norte-americano, na última segunda (23).
Transferências de dinheiro, seja para empresas manterem seus funcionários, seja diretamente para cidadãos sustentarem níveis mínimos de consumo, também têm surgido como respostas à crise em diversos países. O Congresso dos Estados Unidos prepara um conjunto de iniciativas que somam US$ 2 trilhões, o maior programa de socorro contra crises da história.
Um dos desafios das políticas de salvaguarda de renda em países como o Brasil é atingir os mais afetados pela crise, que devem ser os trabalhadores informais e por conta própria cuja subsistência depende diretamente da movimentação das pessoas.
|ACESSE A PÁGINA ESPECIAL