O Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, torna-se cada vez mais uma data de celebração e reflexão do feminino. Um dia para promover o debate sobre o impacto de temas que afetam as mulheres diretamente e se reproduzem na sociedade como um todo. A desigualdade salarial é um dos pilares dessa discussão.
A desigualdade de gênero está amplamente relacionada à diminuição da renda per capita e menor crescimento do PIB. Isso é o que mostra o estudo “Relação entre a discriminação salarial de gêneros e o crescimento do PIB per capita no Brasil: análise por municípios”, realizado por Rafael dos Santos, aluno do programa de Mestrado Profissional em Economia do Insper, com orientação da professora Regina Madalozzo.
O estudo estima os impactos econômicos que a igualdade salarial entre gêneros geraria através de um modelo macroeconômico. Santos analisou dados de 3.182 municípios brasileiros e chegou a importantes conclusões: a igualdade entre os salários de homens e mulheres acarretaria no aumento da produtividade, da taxa de empregabilidade e avanço do PIB.
A pesquisa destaca que as diferenças existentes vão além da questão salarial, atingindo aspectos como educação, participação no mercado de trabalho, segregação em cargos ocupacionais e setores econômicos. A maior consequência da desigualdade é um mercado de trabalho que exclui mulheres altamente qualificadas para oportunizar homens menos qualificados.
Santos destaca em sua dissertação que mulheres recebem uma remuneração menor que a dos homens por um emprego idêntico, consequentemente a força de trabalho feminino diminui, reduzindo o PIB per capita. Os resultados do estudo demonstram que a disparidade de renda impacta negativamente na produção per capita e que a igualdade salarial entre os gêneros aumentaria o PIB a longo prazo.
“Este estudo é apenas parte de um esforço universal que visa despertar e motivar a igualdade de direitos e condições entre homens e mulheres, enfatizando não apenas os benefícios para economia, mas sim para a vida em sociedade”, pontua Santos.
O estudo estimou a evolução do PIB per capita dos municípios entre 2007 e 2014, utilizando dados do IBGE e analisando empresas com mais de 100 empregados, no mercado formal.
Dados oficiais
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), de 2015, revelaram que o rendimento médio dos homens no Brasil foi 37,2% maior que os das mulheres no mesmo ano. Enquanto a média mensal dos homens foi de R$ 1.965, a das mulheres é de apenas R$ 1.432, diferença de R$ 533.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) apresentou no evento “Construindo um Brasil mais próspero e inclusivo na visão da OCDE”, realizado pelo Insper no início de março, dados ainda mais preocupantes. Segundo a organização, no Brasil, homens recebem 50% mais do que as mulheres, uma diferença 10% maior do que a média dos países da OCDE.
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