A variável financeira de mercado mais utilizada para se estimar o nível de inflação futura é, provavelmente, a diferença (spread) entre as taxas de juros de longo e curto prazos. Um spread baixo refletiria uma política monetária contracionista enquanto um spread alto refletiria uma política monetária expansionista.
Estudo do professor Marco Lyrio mostra que a decomposição do spread entre taxas de longo e curto prazos através de um modelo para a curva de juros contribui para o aumento da previsibilidade do nível de inflação futura. O trabalho, feito em coautoria com dois pesquisadores do Banco Central da Bélgica, Hans Dewachter e Leonardo Iania, investigou a possibilidade de aprimoramento no processo de previsão da inflação.
Os autores fazem uso de um modelo para a curva de juros que incorpora a premissa de não arbitragem no mercado de títulos de renda fixa e faz uso de variáveis macroeconômicas e financeiras. O ponto central do modelo está na decomposição do spread entre taxas de longo e curto prazos em dois componentes. Um componente reflete a expectativa dos agentes quanto à evolução da taxa de juros de curto prazo, enquanto o outro componente reflete um prêmio pelo risco associado ao tempo restante até o vencimento do título em questão.
De acordo com os resultados, a decomposição aumenta significativamente o poder do spread entre taxas de longo e curto prazo para a previsão da taxa de inflação, acima do que se obtém com o modelo de passeio aleatório, segundo o qual a melhor previsão para a inflação futura é o nível atual de inflação, em conjunto com pesquisas de opinião.
Os resultados dessa pesquisa, feita com dados do mercado americano de 1960 até 2012, foram publicados na revista acadêmica Journal of Applied Econometrics e em um capítulo de um livro publicado pela Cambridge University Press.
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