Capacitar a próxima geração de formuladores de políticas, tomadores de decisão e a rede acadêmica com ferramentas para inovar, testar e dimensionar políticas e programas sociais eficazes, com o objetivo de melhorar a vida de bilhões de pessoas ao redor do mundo. Essa á e missão da Alliance for Data, Evaluation, and Policy Training (ADEPT), uma iniciativa global criada pelo Abdul Latif Jameel Poverty Action Lab (J-PAL), surgido em 2003 no Departamento de Economia do Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Desde 2021, o escritório da América Latina e do Caribe do J-PAL, J-PAL LAC, atua no Brasil como resultado de uma parceria com o Insper. Nada mais natural, portanto, do que contar com o apoio da instituição brasileira para trazer para o país o ADEPT.
O lançamento aconteceu no dia 25 de março, no Insper, com participação de Esther Duflo, Prêmio Nobel de Economia de 2019 e cofundadora do J-PAL. “É muito especial e emocionante, para mim, lançar o ADEPT no Brasil. A iniciativa representa um legado ambicioso”, ela declarou durante o evento — cuja íntegra está disponível no YouTube. “Quando criamos o J-PAL, éramos oito afiliados com a meta de impactar 100 milhões de pessoas. Hoje estamos próximos de alcançar um bilhão”, reforçou Duflo.
“Fazemos parte de uma rede global de campi e parceiros comprometidos a formar a próxima geração profissionais dedicados à pesquisa ou às políticas públicas com base em dados e evidência”, descreve Paula Pedro, diretora executiva do J-PAL LAC.
“A formação de capital humano é essencial para este setor, e a parceria com o Insper é promissora nesse sentido. A instituição tem em seu DNA a formação de líderes inovadores em políticas públicas e está plenamente capacitada para trazer o ADEPT ao Brasil”, afirma Cristine Pinto, diretora de Pesquisa e Pós-Graduação Stricto Sensu do Insper.
A parceria fortalece ainda mais o vínculo entre as instituições e reforça o compromisso do Insper com a oferta de capacitação de ponta para a próxima geração de formuladores de políticas públicas, tomadores de decisão e pesquisadores, complementa Carolina Melo, coordenadora do Mestrado em Políticas Públicas (MPP) do Insper.
“As formações oferecidas pela Aliança irão equipar essas pessoas com as ferramentas e a motivação necessárias para inovar, testar e expandir políticas públicas e programas efetivos”, diz Melo. “A parceria demonstra a confiança do J-PAL e do MIT no trabalho que o Insper já vem desenvolvendo no Brasil.”
“A ADEPT tem o objetivo de formar pesquisadores, tomadores de decisão e formuladores de políticas públicas com base em evidências, considerando as realidades distintas entre o Norte e o Sul global”, descreve Ivan Brant, associado sênior de políticas públicas do J-PAL e ex-aluno do Mestrado Profissional em Políticas Públicas (MPP) do Insper. “Com base na nossa já longa parceria com o Insper, vamos oferecer cursos de forma progressiva. Pretendemos atuar também com outras instituições de ensino, mas o Insper é a primeira a trazer o programa ao Brasil. Mais uma vez, é pioneiro na proposta do J-PAL para a América Latina.”
O programa já exerce uma presença marcante, por exemplo, na Costa do Marfim, que se tornou um caso de sucesso em função de uma parceria bem-sucedida com a École Nationale Supérieure de Statistique et d'Economie Appliquée (ENSEA), uma instituição pública dedicada a formar funcionários públicos. “A parceria com o J-PAL e a participação no ADEPT nos colocam em condições de elevar ainda mais os padrões dos cursos que oferecemos e disponibilizar diplomas validados por uma instituição da relevância do MIT”, afirmou, durante o evento, Hugues Kouadio, diretor da ENSEA.
As expectativas para o Brasil também são altas. No Insper, espera-se que o ADEPT inspire a criação gradual de novos cursos, começando pela educação executiva, com potencial para se tornarem disciplinas eletivas no Mestrado em Políticas Públicas (MPP) — e, futuramente, dar origem a um MPP em formato intensivo no Insper e a uma oportunidade de candidatura ao mestrado DEDP no MIT.
Não faltam opções de formação. O J-PAL desenvolveu o MicroMasters em Data, Economics, and Design of Policy (DEDP), um programa online que pode ser usado para acelerar estudos de pós-graduação em mais de 15 universidades, incluindo o mestrado presencial em DEDP no MIT. “Temos oito cursos online, que serão adaptados à realidade brasileira, e a ideia é que o Insper seja a casa dessa programação no Brasil, já que temos todas as condições de conectar nossos programas internacionais com a proposta da instituição”, diz Ivan Brant.
“Se as(os) estudantes concluírem os cinco cursos que compõem uma das duas trilhas do MicroMasters do J-PAL em parceria com o MIT Open Learning, receberão duas credenciais — uma do Insper e outra do MIT Open Learning. Também receberão um certificado para cada disciplina concluída com sucesso”, explica Carolina Melo. “As matérias terão um alto nível de exigência, compatível com os nossos programas de pós-graduação. Dessa forma, os cursos DEDP oferecidos por meio da nossa parceria com ADEPT também poderão ser aproveitados em nossos programas de mestrado e doutorado. Em particular, os cursos têm grande sinergia com o nosso Mestrado Profissional em Políticas Públicas (MPP) e com a linha de Políticas Públicas do nosso Doutorado Profissional em Administração.”
Todo esse movimento de formação é resultado da influência de Esther Duflo, que recebeu o Nobel ao lado de Abhijit Banerjee e Michael Kremer. “Esses pesquisadores não apenas impulsionaram uma metodologia de avaliação de impacto de políticas públicas, como transformaram essa proposta em um movimento influente em todo o globo, de forma descentralizada e levando em conta as características de cada região”, afirma Paula Pedro.
Ao trazer o ADEPT para o Brasil, o J-PAL distribui conhecimento de acordo com diferentes demandas regionais. Em consequência, professores terão acesso a um repertório mais amplo de metodologias de ensino e dinâmicas em sala de aula para ensinar formuladores de políticas públicas, tomadores de decisão e pesquisadores, lista Carolina Melo.
“Pesquisadoras(es) poderão ganhar novas habilidades práticas de pesquisa e/ou fortalecer habilidades já existentes, ganhando mais autonomia no uso da teoria e de ferramentas aplicadas para a realização de pesquisas de ponta e para replicação do conhecimento. E estudantes terão a chance de vivenciar um ambiente de aprendizagem inovador sem precisar sair ‘de casa’”, afirma Melo.